27 setembro 2013

Estudo aponta que poluição mata mais que o trânsito em São Paulo


Em 2011, poluição matou 4.655 na capital; foram 1.556 mortes no trânsito.
Levantamento foi apresentado nesta segunda na Câmara Municipal.

Do G1 São Paulo
291 comentários
Estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade aponta que ao menos 4.655 pessoas morreram em decorrência da poluição do ar na capital paulista em 2011. O levantamento, coordenado pela médica, especialista em Patologia Clínica e Microbiologia e doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Evangelina da M. P. A. de Araujo Vormittag, foi apresentado durante o seminário Mobilidade Urbana x Saúde Pública em São Paulo, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, na noite desta segunda-feira (23). 
Com base neste estudo, constatou-se que se morre mais em São Paulo por causa da poluição, por ano, do que em acidentes de trânsito. Em 2011, ao menos 1.556 pessoas morreram nas ruas da cidade, por exemplo. A poluição em São Paulo mata três vezes e meia mais do que o câncer de mama (1.277 mortes) e quase seis vezes mais que a Aids, com 874 vítimas.
Segundo os dados apresentados, as médias anuais de MP 2,5 (material particulado em suspensão no ar; 2,5 é a poeira considerada mais fina) de todas as estações de medição da Cetesb no estado situam-se entre 20 e 25 microgramas por metro cúbico, acima do padrão de 10 microgramas por metro cúbico estabelecido como limite pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2011, a média da capital paulista foi de 22,17 μg/m³ de MP 2,5.
O estudo estabelece uma relação direta entre poluição e densidade populacional. Todos os 29 municípios do estado com estações de medição da Cetesb, sem exceção, apresentaram média anual de MP2,5 acima do padrão da OMS. Ao menos 21 delas situam-se acima dos níveis de 20 μg/m³, o dobro. E 11 municípios estão acima ou igual aos níveis de MP2,5 da cidade de São Paulo (22,17 μg/m³): Americana, Araçatuba, Cubatão, Mauá, Osasco, Guarulhos, Paulínia, Santos, São Bernardo, São Caetano, São José do Rio Preto e Taboão da Serra.
De acordo com o levantamento, de 2006 até 2011, ano da publicação do guia da OMS com os novos padrões a serem seguidos, morreram em decorrência da poluição 99.084 pessoas em todo o estado de São Paulo, o equivalente à população de uma cidade de 100 mil habitantes.
A poluição atmosférica foi responsável pela morte de dois milhões de pessoas no mundo em 2011, sendo 65% deste total na Ásia, mais de 200% acima dos números de uma década antes (800 mil).
Em São Paulo, por exemplo, estima-se um excesso de sete mil mortes prematuras ao ano na região metropolitana, decorrentes do impacto da poluição na saúde das pessoas, além da redução de 1,5 anos de vida, com um custo financeiro que, dependendo da métrica utilizada, pode variar entre centenas de milhões a mais de um bilhão de dólares por ano.
O objetivo do estudo é o de fazer uma avaliação dos dados ambientais de poluição atmosférica, estimativa do impacto em saúde pública (mortalidade e adoecimento) e sua valoração em gastos públicos e privados, no estado de São Paulo, em função da adoção dos padrões de poluição atmosférica preconizados pela Organização Mundial de Saúde durante o período de 2006 a 2011, segundo o Instituto Saúde e Sustentabilidade

17 setembro 2012

16/09/2012 08h30 - Atualizado em 16/09/2012 10h00

Sem ciclovias, aluguel de bicicleta em Campinas é perigoso, diz urbanista

Empresa que implantou sistema em Barcelona venceu concorrência.
Serviço começa no dia 22 no Taquaral e prevê 2 mil 'bikes' em circulação.

Isabela Leite Do G1 Campinas e Região
5 comentários
Sistema de aluguel de bicicletas em Barcelona, na Espanha (Foto: Mária Amélia D'Azevedo)Aluguel de bicicletas em Barcelona, modelo usado
em Campinas (Foto: Mária Amélia D'Azevedo)
O período de testes do serviço de aluguel de bicicletas em Campinas (SP) começa no próximo sábado (22) com a promessa de reduzir 16% do trânsito de veículos na cidade até 2016, mas preocupa ciclistas e urbanistas pela falta de um sistema cicloviário que ofereça segurança aos usuários e motoristas. O objetivo do projeto é incentivar as pessoas a fazerem o deslocamento diário usando o transporte público e diminuir a quantidade de veículos em circulação.
A primeira estação de bicicletas será instalada na Lagoa do Taquaral, em dois pontos, mas a proposta da empresa Brasil em Movimento, sócia do grupo Movement, que implantou o sistema em Barcelona, na Espanha, é instalar 2 mil bicicletas em pelo menos seis estações em prazo de seis meses. A circulação, de acordo com o projeto e a prefeitura, será feita inicialmente em vias públicas, dividindo o espaço com carros e ônibus.
A Secretaria Municipal dos Tranportes alega que antes será testada a viabilidade econômica e as opções de transporte para depois fazer a concessão do serviço e implantá-lo definitivamente. Os deslocamentos de bicicletas serão por vias locais, sem ciclovias, e apenas com indicações de rota. A Emdec diz que, futuramente, as ciclovias e as ciclofaixas a serem implantadas no Plano Cicloviário até 2016 devem ser integradas ao serviço de aluguel e devem ter 140 quilômetros de extensão. Atualmente são 24,2 quilômetros em pontos fragmentados de Campinas e sem ligação.
O urbanista e professor da PUC-Campinas e da Universidade de São Paulo (USP) Eugênio Queiroga contesta a estratégia da prefeitura e defende que o projeto é "esquizofrênico", já que deveria antes prever a implantação de ciclovias e propostas que integrem o sistema de transporte público como um todo. "O correto era a prefeitura ter um plano de mobilidade implantado antes e não ajustá-lo de acordo com os testes da iniciativa privada. O capital privado não pode nortear o sistema de transporte público", afirma.
O urbanista também faz um alerta sobre o risco de fracasso do projeto. "Existe o risco de se 'queimar' uma boa ideia, como ocorreu com o sistema VLT, que não tinha nenhuma conexão com o transporte público e não 'vingou'. Os projetos que acompanhamos atualmente em Campinas estão sendo implantados de forma isolada. Transporte é, por essência, uma ação que precisa, por antecedência, de um plano", diz Queiroga. A proposta de interligar as ciclovias e ciclofaixas com o Sistema InterCamp, transporte público coletivo municipal, consta no projeto da prefeitura, mas só deve estar concluído nos próximos cinco anos.
Transporte é, por essência, uma ação que precisa, por antecedência, de um plano"
Eugênio Queiroga, urbanista e professor da PUC-Campinas e USP
Eugênio Queiroga também alerta que apenas no distrito de Barão Geraldo existem trechos cicloviários, mas fragmentados e que não compõem o sistema. "Quando você pensa na circulação de pessoas de bicicleta nas zonas propostas, é muito perigoso. No distrito de Sousas, por exemplo, o ciclista terá que seguir por um longo trecho na Avenida Heitor Penteado, que tem um trânsito intenso. No caminho de Barão para o Anhumas, será necessário cruzar um trecho sobre a Rodovia D. Pedro, que também oferece risco", explica.
O presidente da Brasil em Movimento, Renato Frison, afirma que os pontos foram estipulados pela prefeitura após um estudo sobre as facilidades de implantação de ciclovias ou onde já existem. Ele garante que toda a cidade estará coberta pelo serviço, de acordo com a aceitação da população, e alega que a responsabilidade de implantação das ciclovias é da administração municipal. "A educação no trânsito e a cultura de usar o sistema de transporte público por todas as classes sociais é um dos problemas do Brasil, mas isso precisa ser resolvivo. O sistema de aluguel de bicicleta é uma das formas de incentivar as pessoas", diz Frison.
Medo da violência do trânsito
Grupos de ciclistas ouvidos pelo G1 também se preocupam com a segurança de quem alugar as bicicletas. "A ideia é boa, mas estão colocando os carros na frente dos bois. Precisamos antes de ciclovias que integrem os pontos da cidade. O trânsito em Campinas é muito violento e existe um risco muito grande para quem for usar o serviço", alerta o presidente do Campinas Bike Clube, Luiz Carlos Rosa, que possui atualmente 1,3 mil associados.
Ciclistas nas ruas de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)Ciclistas usam ciclofaixa em Campinas
(Foto: Reprodução EPTV)
Há sete anos, ele vai ao trabalho de bicicleta, no trajeto entre os bairros do Taquaral e Cambuí, e sabe da dificuldade de realizar o caminho todos os dias. A previsão inicial da Brasil em Movimento é ter 82,4% dos usuários para uso do transporte convencional e o restante para recreação. A prefeitura pediu a ajuda dos grupos de ciclistas para dar sugestões de locais de  ciclovias e ciclofaixas na cidade. "Nós vamos fiscalizar e monitorar a situação, a nossa grande preocupação é com os ciclistas", diz Rosa.
Um levantamento da Emdec mostra que, entre 2008 e 2010, 22 ciclistas morreram no trânsito da cidade. No entanto, houve uma redução de 26,31% no período em relação ao número de ocorrências com e sem vítimas fatais. A queda, de acordo com a empresa, se deve ao trabalho de educação e segurança no trânsito realizada com associações e grupos de ciclistas.
O presidente do Campinas Bike Clube defende ainda que o sistema só vai funcionar como lazer, e não como um meio de transporte, porque as pessoas têm medo da violência do trânsito na cidade. "Eu conheço muita gente que gostaria de poder ir trabalhar de bicicleta, mas não tem coragem, tem medo de ser atropelado", lamenta.
CronogramaA Brasil em Movimento venceu a concorrência para implantar, em fase de testes, o serviço de locação em pelo menos seis áreas da cidade: nos distritos de Barão Geraldo e Sousa, além da região dos Amarais, Taquaral, Terminal Central e Aparecidinha. O investimento será de R$ 3 milhões.  O serviço despertou o interesse de outras duas empresas, a Serttel Ltda e M2 Soluções em Engenharia – CompartiBike, mas não foram habilitadas, segundo a Emdec. Em Barão, serão implantadas as estações três locais - no terminal de ônibus, na entrada da Unicamp e no Tilli Center-, no dia 29 de setembro. Nas duas regiões, já existem ciclofaixas, mas que não estão interligadas ao sistema de transporte público coletivo.
Protótipo de bicicleta que será usada no sistema de aluguel em Campinas (Foto: Divulgação/Brasil em Movimento)Protótipo de bicicleta que será usada em
Campinas (Foto: Divulgação/Brasil em Movimento)
O bairro Cambuí também está no cronograma de implantação para este mês,  além do distrito de Sousas. Com o projeto, a Brasil em Movimento espera intalar todas as estações nas seis regiões até outubro. O urbanista Eugênio Queiroga também acredita que a escolha das áreas que vão receber as estações de aluguel tem maior concentração da classe média e alta, desfavorecendo a população com renda menor, que poderia usufruir do sistema integrado entre ônibus e bicicleta, como Campo Grande e Ouro Verde.
Em 20 dias a partir da implantação, a expectativa da empresa é receber 3 mil cadastros. A previsão é de que, ao fim da implantação, a distância média entre uma estação e outra seja de 695 metros.
Sistema de aluguel
O plano prevê a liberação das bicicletas de forma eletrônica no momento da locação. A pessoa que pretende fazer o aluguel deve utilizar o site da empresa responsável pelo serviço ou um aplicativo a ser instalado no telefone celular do usuário. O cadastro deve estar disponível a partir do dia 20 na página na internet da Brasil em Movimento. Após o preenchimento, o usuário poderá fazer o pagamento com cartão de crédito e boleto bancário.
O tempo mínimo de empréstimo, sem cobrança adicional, não poderá ser superior a 30 minutos. O valor da anuidade será de R$ 80, com uso ilimitado. O valor adiocional por cada meia hora excedida será de R$ 5. "Estamos usando a mesma média de Barcelona do uso da bicicleta, que é de 17 minutos por trecho. Esse período é suficiente para a pessoa usar a bicicleta como transporte", diz o presidente da Brasil em Movimento.
Em média, serão 20 bicicletas disponíveis por estação. Todos os equipamentos e pontos de aluguel serão monitorados por uma central de controle em São Paulo (SP) para garantir a segurança do sistema e evitar roubos e furtos. O horário de funcionamento será das 5h à meia-noite, todos os dias da semana.
Sistema de aluguel de bicicletas em Barcelona, na Espanha (Foto: Maria Amélia D'Azevedo)Pontos de locação em Barcelona, modelo que será usado em Campinas (Foto: Maria Amélia D'Azevedo)

20 abril 2012


20/04/2012 12h40 - Atualizado em 20/04/2012 12h40

Empresas recorrem a bicicletas pra entrega de produtos em Campinas


Veículo permite fugir de ruas congestionadas e facilta o estacionamento.
Custo é quase 50% menor que o das entregas por outro veículo.

Do G1 Campinas e Região
O número de adeptos da bicicleta como meio de transporte cresce a cada dia em cidades com intenso tráfego de veículos, como Campinas (SP). Nas ruas, é grande o número de pessoas que usam a bicicleta ir à escola ou ao trabalho.
Mas algumas empresas aproveitam essa alternativa para fazer entregas de produtos. O empresário Adeilton Almeida começou a usar a bicicleta para perder peso e concluiu que poderia usar o veículo para prestar serviços de entrega. O custo de uma entrega feita com bicicleta é cerca de 50% menor que o custo do serviço feito por outro tipo de veículo.
O ciclista entregador Henrique Marques da Silva destaca as vantagens desse tipo de serviço, que não polui e ajuda a desobstruir o trânsito nas grandes cidades. Com as bicicletas, os entregadores fogem de ruas congestionadas e superam a falta de vagas para estacionamento.
Entregador de bicicleta no centro de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)Entregador de bicicleta no centro de Campinas
(Foto: Reprodução EPTV)
Segundo o Sindicato das Empresas de Distribuição de Entregas Rápidas do Estado de São Paulo (Sederesp), a entrega de produtos por ciclistas cresce 50% ao ano nas grandes cidades.
Os ciclistas reclamam somente dos riscos que enfrentam no trânsito de Campinas e que as ciclofaixas funcionam somente nos domingos e feriados.
Segundo a assessoria da prefeitura, as ciclofaixas foram instaladas somente para lazer. Para atender esses profissionais, existe um plano de construir ciclovias pela cidade, mas não há prazo para implantação.
 
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/jornal-da-eptv/videos/t/edicoes/v/lei-obriga-cidades-com-mais-de-20-mil-habitantes-a-criar-planejamento-de-mobilidade-urbana/1912611/

Bike entregas - Jornal Regional Campinas - 20/04/2012