31 dezembro 2011

Os bikeboys - com preços menores, ciclistas começam a concorrer com motoboys no mercado de entregas

 
Os bikeboys
Com preços menores, ciclistas começam a concorrer
com motoboys no mercado de entregas

Lúcia Monteiro
 
Fotos Renato Chaui

Renato Antonini, da Bike Courier, na Vila Mariana: ponto de partida
Fotos Renato Chaui

Entre motoqueiros e ônibus na Paulista: até 50 quilômetros por hora

Estacionamento improvisado na Bela Vista: primeiro cliente do dia

No apartamento do aposentado Virgílio Souza: contas a pagar
Eles não dão buzinadas incessantes, não metem medo nos motoristas nem quebram espelhos retrovisores. Mas, como os motoboys, costuram no trânsito e deixam para trás filas de automóveis. De capacete e bermuda, os bike couriers andam a até 50 quilômetros por hora e conseguem, muitas vezes, ter a mesma agilidade dos motoqueiros. A turma dos pedais só sai perdendo nos trajetos longos. É no preço que levam vantagem. Os ciclistas cobram por perímetro, e os motoboys, em geral, por hora. Em média, as entregas ficam 30% mais baratas. Veja São Paulo testou, na segunda-feira passada, duas empresas de motoboys e uma de ciclistas. Todos levaram praticamente o mesmo tempo – pouco mais de meia hora – para percorrer o trajeto de Higienópolis à Vila Olímpia (veja quadro). O desmotorizado, no entanto, atrasou duas horas para retirar a encomenda. "Tivemos problemas nesse dia, muitos ciclistas faltaram", diz Flávio dos Santos Meireles, coordenador de entregas da Bike Courier, a principal empresa do ramo.
O bikeboy surgiu em 1998. Hoje, são 900 profissionais registrados no Sindicato dos Mensageiros e Motociclistas do Estado de São Paulo. É um número pequeno se comparado aos 246.000 motoboys da capital. Mas está aumentando. Há três anos, a Bike Courier contava com apenas quatro ciclistas. Atualmente são 24. Entre eles está Renato Silva Antonini, 18 anos. Ele pedala 100 quilômetros por dia e consome 5 litros de água durante o expediente. Lucra, no fim do mês, cerca de 400 reais, acima do piso da categoria (265 reais). Sua comissão é de 55% do valor da entrega. O restante vai para a empresa – daí a explicação para estar sempre apressadinho. Faz manobras radicais, muda de pista sem parar, anda na contramão e pedala para valer nas subidas. Na terça-feira passada, levou menos de uma hora para sair da sede da empresa, na Vila Mariana, buscar as contas do aposentado Virgílio Ramacciotti Souza, na Bela Vista, pagá-las em uma agência na Avenida Paulista e devolvê-las. Ladeiras como a da Rua Itapeva, que atravessou duas vezes nesse percurso, não o assustam: fez os 150 metros em menos de cinco minutos. Toda essa desenvoltura já lhe rendeu um tombo. Há quinze dias caiu na Marginal Pinheiros, quebrou três dentes, ralou mãos, queixo e cotovelos. "Nem vi o carro", conta.
Além de repetir as mesmas barbaridades para driblar os engarrafamentos, os bikers têm queixas parecidas com as dos motoqueiros – xingamentos, fechadas de carros e ônibus. Sofrem alguns inconvenientes adicionais. Ganham menos (o piso dos motoboys é de 516 reais) e, como transpiram muito, carregam sempre uma toalha na mochila para não causar má impressão na hora da entrega. Nas ruas não se nota a mesma rivalidade que há, por exemplo, entre perueiros e motoristas de ônibus. Algumas empresas de entregas que trabalham principalmente com motos, como a Estilo Moto e a RRJ, contam com um número reduzido de ciclistas na equipe. Outras os contratam para serviços específicos. "Recomendamos bicicletas com cestinhas para entregar flores", afirma Antônio José Brilhante, presidente do sindicato da categoria. "Nas motos, elas ficam amassadas." A empresa Mag Traduções, em Pinheiros, aboliu completamente os entregadores motorizados. "Agora só usamos os ciclistas", diz a secretária Simone Hirota. "São mais rápidos, mais eficientes e, principalmente, mais baratos."
O Código de Trânsito Brasileiro determina que as bicicletas trafeguem pela direita, com buzina, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Boa parte dos ciclistas profissionais não apresenta esses equipamentos. A CET, por sua vez, não impõe nenhum tipo de punição e se justifica dizendo que, como as bicicletas não têm placas, fica difícil fiscalizá-las.

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